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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Reflexões sobre política económica portuguesa.

Continuo com muita perplexidade acerca da política económica portuguesa e dos objectivos que se pretendem alcançar.Há vários pontos que merecem reflexão:
1.O governo afirma que a austeridade trará crescimento económico.Como se fosse uma relação causa-efeito.A austeridade só acarreta recessão e nalgumas circunstâncias específicas poderá trazer crescimento.Quais são essas condições?Quando a austeridade imponha uma diminuição das taxas de juro que financiam a economia ou quando a austeridade implique um renovado financiamento da economia.Assim, imaginemos que as taxas de juro estavam muito altas e por isso a economia não era financiada.Um plano de austeridade sério daria sinal que os gastos iam diminuir e por isso as taxas de juro diminuiriam.Aí voltava a entrar dinheiro barato na economia e esta cresceria.Foi grosso modo o que aconteceu em Inglaterra nos anos 1980.A outra condição é que a austeridade faça abrir a torneira de financiamento que secou.Isto é que como resultado da austeridade volte a haver dinheiro na economia.Aqui é mais difícil ver em que condições isso acontecerá.
Veja-se o caso português.A questão não é tanto de taxas de juro, é de não existir crédito.Portanto, o que se espera é que com a austeridade o crédito retorne.Retorne ao Estado- mas este não seja tão perdulário, e sobretudo retorne às empresas e famílias.O problema é que não há qualquer automatismo nas relações.Porque o crédito só retorna se houver certeza da sua aplicação rentável.Isto é se houver procura.
2-Este é um segundo ponto.Estas crises não são de produtividade,são de falta de procura e de aperto de crédito. O que se passou é que a dado momento, por várias circunstâncias- crise internacional,descontrolo orçamental, efeito crowding out. etc- a economia portuguesa deixou de ser financiada.E, actualmente, o grande propulsor de uma economia é o crédito e a procura.O grande movimento para a recuperação é a criação de crédito e de procura na economia.
3-Assim, há medidas que são meramente simbólicas e só servem para atrapalhar, como a dos feriados. A questão não era trabalhar mais dias, a questão é nos mesmos dias trabalhar mais.Só isso geraria mais produção e um maior excedente.Produção e produtividade são medidas diferentes.A questão dos feirados pode aumentar a produção, mas não aumenta a produtividade.E como referido em 2 , a questão nem é tanto de produtividade, como de procura e crédito.
4-São dois os problemas que se estão a colocar acerca desta austeridade em Portugal.As receitas fiscais vão descer (já começaram a descer) e por isso entraremos numa pescadinha de rabo na boca.O desemprego está a aumentar, por isso começa a ser difícil encontrar uma procura adequada.Pelo contrário , a recessão aumenta.

Portanto, o cenário, se se confirmarem a descidas das receitas e o aumento desenfrado do desemprego, começa a ser negro.

Num próximo post veremos as alternativas e as formas de alterar a situação.

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