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terça-feira, 26 de abril de 2011

Receita para mudar tudo para ficar tudo na mesma.

É conhecido o dito cínico no "Leopardo" de Lampedusa que é preciso " mudar tudo para tudo ficar na mesma". As vozes que se vão ouvindo provenientes dos mais altos responsáveis e outros, parecem indicar o mesmo desejo. Começa-se a dizer que o grande problema não é o Estado,mas os privados que gastaram demais ( talvez seja de investigar se essa dívida privada não é bancária e não serviu para financiar o Estado através da Banca, sendo por isso uma dívida estatal escondida). Por isso defendem-se poucas medidas relativamente ao Estado. Um segundo consenso é o da tal unidade, que defende que ninguém discuta nada e no fundo se levantem poucas ondas, o que se liga aliás à terceira ideia que afirma que não vale a pena ver o passado nem encontrar culpados. O que está, está.


Está, mas está tudo mal. É evidente que tem que se revolver o passado e ver as asneiras que foram feitas, tem que se perceber onde estão os erros e não vale a pena pensar em unidades anémicas. O ideal mesmo era que um sector grande dos partidos e das sociedade fosse contra a assitência externa e que a situação fosse discutida.


Assim, não se faz muito barulho recebe-se o dinheiro e dentro de pouco tempo tudo estará igual ou pior. Repare-se que o FMI esteve cá há apenas 25 anos!

Há que fazer barulho e agora.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

União Sagrada e democracia.

Muitos apelam a um governo de salvação/união nacional. Por alguma razão tornou-se a panaceia que resolverá os problemas económicos do país. Não há razão nenhuma para pensar que assim será. O governo do Bloco Central funcionou porque tinha um ministro das finanças duro e não subserviente ( ao contrário deste ministro que foi mole e subserviente). Pouco teve a ver com a união. Outro governo de união, a União Sagrada na I República ( de que apenas fizeram parte Afonso Costa e António José de Almeida, deixando de fora Brito Camacho) durou 1 ano e pouco e pouco adiantou... E depois houve aquele governo baseado na união nacional e presidido por Salazar. Esse durou e adiantou, mas... A questão acaba por radicar em quem manda nas finanças e como manda.

Também gostam de dar o exemplo de governos de união em Inglaterra, durante as guerras.

Nas guerras napoleónicas houve o governo de "all talents" que não resultou. A guerra foi conduzida com vigor numa base partidária Tory.

Na Primeira Guerra os governos de união liderados por Asquith falharam. Resultou o governo liderado por Lloyd George. E na Segunda Guerra, o governo de união só resultou com Churchill.

Portanto, a força e o sucesso tem muito mais a ver com personalidades e lideranças de que com arranjos político.partidários que em si mesmo não garantem nada.

domingo, 17 de abril de 2011

Cidadão Cincinato e cidadão Nobre

De vez em quando tem que ser feita uma incursão na coisa política, que é o que decide toda a estrutura em que se move a economia.

Falemos de cidadania. O exemplo clássico de cidadania é Lúcio Quinto Cincinato que , citando Santo Agostinho " possuindo pouco mais de um hectare de terra, que cultivava com as suas próprias mãos, foram buscar ao campo para ocupar o lugar de ditador- um cargo mais honrado do que o de cônsul- e que ,depois ter obtido grandes glórias na conquista do inimigo,preferiu retornar ao seu campo". Cincinato serviu a Res Publica com ardor e coragem e tendo derrotado a aliança dos Voscos,Équos e Sabinos e libertado o exército do cônsul Minúcio tornou-se o salvador de Roma. Toda a glória o esperaria. Mas Cincinato preferiu voltar para o seu arado.


Compare-se com o inefável cidadão Nobre... Não há comentários.

Coisas Básicas.

Há aspectos básicos da Economia que é bom relembrar quando a confusão se instala: se queremos consumir temos que produzir, seja produção para ao auto- consumo, seja para trocar por produtos que queremos consumir.Não havendo produção, mais tarde ou mais cedo deixaremos de consumir. Há paliativos (habitualmente financeiros - empréstimos e demais engenharias financeiras) que adiam essa realidade básica, mas ela chega. Em Portugal chegou, não produzimos o que necessitamos para consumir ( repetindo: quer directamente, quer através de trocas) e o tempo das engenharias terminou.

Assim, qualquer recuperação deve recomeçar pelos aspectos da produção. Produção agrícola, produção industrial e por aí adiante.Este é um primeiro ponto.

Naturalmente , que para retomar a produção será necessária alguma protecção. Não se pense que com as actuais circunstâncias - pertença ao Euro e fronteiras abertas com a UE, mas fechadas para uma boa parte do mundo- será possível essa retoma. A retoma implica algum grau de proteccionismo para apoiar o renascimento agrícola e industrial, que será aplicado num estilo crawling peg. Isto é alguns produtos estrangeiros serão objecto de tarifas mais elevadas, prevendo-se depois um abaixamento gradual dessas tarifas. Há circunstâncias em que o proteccionismo se justifica.

Recapitulando, nova produção, saída do euro, proteccionismo específico em crawling peg, tudo com o apoio do FMI .

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Crowding out

É normal que a relação criada dentro do "complexo político-financeiro" abaixo referido( post Eisenhower revisitado) tenha criado um efeito crowding out levando a uma certa secura do crédito às actividades empresariais privadas normais. Isto é, a Banca financia-se para emprestar ao Estado, por isso fica sem dinheiro para os privados. Os seus recuros são absorvidos pela dívida do Estado. E porque escolhe financiar o Estado? Porque está dependente dele. O Estado depende da Banca e a Banca do Estado. E todos os recursos disponíveis são afectados a este co-financiamento, afastando-os do seu normal rumo que era o financiamento da actividade privada.

Eisenhower revisitado.

O Presidente e general americano Eisenhower no seu "farewell adress" após 8 anos de presidência alertou para o perigo enorme que as instituições norte-americanas poderiam correr, e que era o seu domínio por um "complexo militar-industrial", aliança de militares e empresários e outros que insistiriam em maiores gastos, maiores produções militares, mais dinheiro, etc.


Insuspeito aviso de quem era o general americano mais considerado e um presidente eleito pelos republicanos.


No Portugal acutal e face aos números tímidos que vão surgindo acerca das entidades devedoras e do trampolinato em que a Banca tem andado nos seus "pronunciamentos" fica claro que o país foi dominado por um "complexo político-financeiro" em que a Banca se aliou à política e a política à Banca. Uns financiaram os outros e vice-versa .Agora vem a conta. E evitaram o mais possível a intervenção externa que poria a nú tal "complexo" que domina e aparentemente saqueou o país.
Isto é muito grave e deve ser equacionado na resolução dos problemas e não varrido para baixo do tapete.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Duas notas sobre o FMI em Portugal.

O FMI e seus novos companheiros (BCE e Com.E) chegaram a Portugal.

Surgiu uma primeira ideia - vinda sabe-se lá de onde - segundo a qual eles defenderiam a subida do preço das casas. Esta ideia é estranha. Por um lado há a sensação que o preço das casas já está muito alto e assim se tem mantido devido ao crédito fácil dos bancos que permitiu financiar compras exorbitantes ( aliado a taxas de juro altas).Por outro lado tal não deixará de constituir um reforço dos activos bancários que devem estar cheios de casas que ninguém quer.


Para aquilo que deveria servir a vinda do FMI era para permitir a saída de Portugal do Euro, a grande rigidez que - no curto prazo - impede a recuperação económica.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Dúvidas

A banca tem um papel fundamental no funcionamento da economia, mas é um erro pensar que tem o papel principal, sem trabalho e criação de mais - valias não há economia que se sustente, mesmo com o apoio constante da banca.
O papel, em Portugal, dos Bancos nesta crise é muito misterioso. Sempre disseram que estavam bem e sólidos, mas financiaram-se no BCE em quantias astronomicamente absurdas, foram contra a entrada do FMI de forma quase histérica, e no fim foram quem "obrigou" o governo a chamar o FMI, parecendo que estavam sem qualquer liquidez.Parece que como na Irlanda, foram os bancos que nos puseram de joelhos! Será assim? Talvez mais transparência ajudasse a perceber.

A crise de liquidez é das coisas mais graves que pode acontecer numa economia. Em Portugal parece que a crise de liquidez começou e foi determinante na banca. Parece que tinham medo que o FMI desembarcasse e percebesse que não cumpriam rácios nenhuns obrigando a uma intervenção do Estado nos Bancos, só que entretanto, ficaram literalmente sem dinheiro e optaram pelo mal-menor.

Este é um raciocínio muito especulativo,mas andará longe da verdade?

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Os helicópteros de Bernanke.

Ben Bernanke, o académico que hoje é Presidente do FED defendia uma teoria acerca das crises recessivas que aconteciam por falta de liquidez nos mercados: encher helicópteros de notas e despejá-las sobre os mercados. Aliás, foi mais ou menos isto em que consistiu a " quantitative easing" promovida pelo FED para fazer face à crise recente da economia norte-americana, que não é mais que um nome bonito para o fabrico de papel-moeda para inundar os mercados de liquidez.As teorias de B.B. assentaram nos estudos realizados por Milton Friedman e Anna Schwatrz acerca da importância da oferta monetária e da sua implicação directa nas flutuações económicas.

Em resumo, quando há falta de dinheiro no sistema, deve-se injectar dinheiro.

Portugal vive uma situação clara de falta de liquidez.É exactamente isso, nem mais ,nem menos. Todas as medidas que sirvam para retirar mais liquidez só servem para aprofundar os problemas, todas as medidas que sirvam para injectar liquidez servem para começar a resolver o problema. Por isso a questão, hoje não é de cortes, IVAs ou PECs, de um modo geral são medidas que agravam problemas, a questão hoje é de arranjar dinheiro para injectar no sistema para que ele funcione. Temos que procurar os helicpóteros de Bernanke , enchê-los de dinheiro e começar a largá-lo no nosso sistema económico. Alguém aprenda, esta insistência salazarista nos cortes, terá o seu lugar, mas a seguir, agora só servirá para afundamentos, mais ainda.

Quem defende estas políticas não são os Keynesianos que não acreditam na eficácia da política monetária, mas os liberais, que ,em princípio, conehcem melhor os mercados.

Portanto, só haverá uma solução para a crise, arranjar dinheiro para o despejar na economia, para já.

domingo, 3 de abril de 2011

Novo blogue de Filosofia do Direito e Política.

Veja o blogue http://filosofiadodireitoepolitica.blogspot.com/ denominado FILOSOFIA DO DIREITO E POLÍTICA.

Política alternativa e Teoria da Conspiração.

É angustiante olhar para a preparação que o PSD faz da governação e perceber que se prepara para seguir uma política idênctica àquela seguida por Sócrates, que no fundo decorre de um diktat alemão, que todos se aprestam a seguir para ficar ou tomar o poder. Na realidade a economia não é uma ciência de certezas, os ingleses até lhe chamam "dismal science",aponta caminhos, oferece soluções, mas não dá certezas, sobretudo se não se tiver em conta a história económica.
Os problemas de Portugal não radicam num descontrolo episódico das contas nacionais ( que efectivamente aconteceu e foi barbaramente escondido), o problema é estrutural e tem que ser resolvido do modo mais simples: colocar o país a trabalhar. É verdade que esse modo mais simples deve implicar algum proteccionismo,algum abandono das políticas da União Europeia e certamente um período de "big bang" de libertação das forças económicas.É admissível que se saia do Euro , crie barreiras alfandegárias a produtos europeus que vêm caros - sobretudo agrícolas, que se reorganize o modelo económico português, certamente voltando-o para o mar, agricultura, turismo e vários serviços e indústrias que fomos perdendo.

Uma outra interrogação prende-se com uma certa teoria da conspiração.

Todos sabemos que o dólar goza de um privilégio exorbitante por ser a moeda de reserva mundial. Tal permite aos americanos fazer coisas na economia e com economia que mais ninguém faz. Todos percebemos que o Euro começou a disputar esse papel de reserva, a colocar em causa o privilégio exorbitante. Não haverá da parte de alguns financeiros americanos( e etcs.) uma estratégia real para acabar com o Euro e reforçar o papel central do dólar. O comportamento abusivo das agências de rating não estará incluído neste plano. É que são estas agências que avalizaram fiascos passados e que não funcionam numa economia de mercado,mas sim num oligopólio. Esta é uma reflexão, talvez absurda?