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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Troika

A primeira coisa a salientar este Verão foi a "visita" da troika e o amen que esta deu à governação.Este evento tem dois aspectos: um político, outro económico. De um ponto de vista político parece que finalmente se encontrou uma forma de governar em ditadura dentro das formalidades da democracia. A " troika" é o ditador. Há uma tradição longeva em Portugal de ir buscar ditadores /homens fortes para resolver os problemas nacionais. Nos últimos 110 anos tivemos, entre outros homens providenciais: João Franco, Pimenta de Castro, Sidónio Pais, Salazar, para referir só alguns. Agora mal parecia suspender a democracia, mas o resultado foi o mesmo, plebiscitou-se o programa da troika e agora eles mandam.Também não alheia à história nacional a interferência externa para resolver os nossos problemas. O exemplo maior é Beresford-o representante da troika da altura.Portanto, em termos políticos estamos enquadrados.

Em termos económicos temos a famosa receita do FMI. Aumentos de preços e cortes na despesa.É uma receita tradicional e só a história económica comparada poderia dizer se resulta ou não. A subida de preços tem dois efeitos ( e não um como se julga), aumenta a receita e também diminui a procura dos bens cujos preços subiram. Tal deve refrear o consumo e aumentar a poupança. O corte na despesa tem também dois efeitos, diminui os gastos (óbvio), mas ao mesmo tempo deve implicar um novo papel para o Estado abrindo portas para a iniciativa privada.Teoricamente, iriam diminuir as importações, os gastos do Estado e aumentar as receitas desse Estado, assegurando assim novos equilíbrios sustentáveis.

O problema é óbvio.A falta de crescimento. Pode acontecer que esta terapia leve a uma falta de crescimento da economia. Essa falta de crescimento faz actuar os chamados estabilizadores automáticos( mais gastos sociais e menos receitas de imposto) e estes impedem os equilíbrios e de facto nunca mais se chega ao ponto desejado.

Portanto, o que estamos a fazer é uma jogada,que atendendo às características do último decénio da economia portuguesa, pode muito bem falhar rotundamente.

Acresce a nossa integração europeia, que só nos prejudica. Portugal nunca foi um País absolutamente virado para a Europa e não pode ser.

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